A crusta terrestre é a camada mais externa do planeta. Tem uma espessura entre 10 e 70 km e é constituída por rochas ígneas, metamórficas e sedimentares.

Figura 1.1. Representação da proporção média dos diferentes tipos de rochas existentes na crusta terrestre.

O ciclo das rochas permite-nos compreender as interações entre os numerosos materiais e processos do sistema Terra (Fig. 1.2), nomeadamente a origem das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas e o modo como estas se relacionam. O ciclo das rochas evidencia que qualquer tipo de rocha pode ser transformado noutro, por ação dos processos geológicos.

Figura 1.2. O ciclo das rochas.

Variedade de rochas graníticas


As rochas graníticas ou granitoides têm origem magmática, resultando do arrefecimento e cristalização de magma em profundidades da ordem da dezena de quilómetros. Entre os vários tipos de granitoides, o granito é um dos mais comuns (Fig. 1.3).

Figura 1.3. Formação de rochas graníticas (retirado de F. K. Lutgens, E. J. Tarbuck E.J. (2012) Essentials of Geology. 11th edition, Pearson Prentice Hall, New Jersey).

Existem diversos tipos de magma, levando a que a composição química e mineralógica dos granitoides seja muito variável. Porém, estas rochas contêm sempre quartzo e feldspato. Já minerais como biotite, moscovite, anfíbola, granada, entre outros, podem, ou não, estar presentes. O tipo de arrefecimento do magma também pode originar rochas distintas. Um arrefecimento lento, por exemplo, favorece o crescimento dos minerais, dando origem a rochas com cristais apresentando vários centimetros de comprimento. Deste modo, os granitoides podem apresentar diversos tipos de minerais e texturas variadas (a textura refere-se à dimensão dos cristais) (Fig. 1.4).

Figura 1.4. Diversos tipos de rochas graníticas.

Os pegmatitos são rochas magmáticas, normalmente com composição mineralógica idêntica à das rochas graníticas, que apresentam cristais de grandes dimensões (> 2,5 cm) (Fig. 1.5). Originam-se numa fase final da cristalização do magma, contendo, por vezes, elementos químicos raros, como lítio, boro, tântalo, nióbio, urânio, terras raras, que podem ser explorados economicamente.

Figura 1.5. Filões de pegmatitos no MNL.

Os aplitos são rochas magmáticas, normalmente de cor clara, com cristais de quartzo e feldspato de pequenas dimensões (milimétricos). A sua origem ocorre igualmente nas fases finais da cristalização do magma e surgem, muitas vezes, na forma de filões associados a pegmatitos.


Rochas metamórficas


Neste MNL, em contacto com as rochas graníticas, ocorrem em alguns locais rochas metamórficas (xistos) com cristais de estaurolite e de andaluzite, bem visíveis. Estes minerais formam-se em processos de metamorfismo que, neste caso, resultam do contacto do magma granítico quente com as rochas encaixantes (Fig. 1.6).

Figura 1.6. A – Xisto com cristais de estaurulite e andaluzite. B e C – Rochas metamórficas (escuras) em contacto com as rochas graníticas (claras).

Sedimentos


Nas praias, acumulam-se os sedimentos que são transportados, inicialmente, pelos rios até aos oceanos, e, em seguida, pelas correntes marinhas ao longo da costa.


A dimensão dos sedimentos (areia fina ou grosseira, seixos) (Fig. 1.7) depende principalmente de dois factores: a maior ou menor resistência dos minerais que os constituem e a duração do transporte. Quando o transporte feito pelos sedimentos é longo, as partículas são geralmente mais pequenas; por outro lado, quanto menos resistentes forem os minerais à meteorização, mais fácill é a sua fragmentação e, consequentemente, menores são os sedimentos.

Figura 1.7. Designação dos sedimentos de acordo com a sua dimensão.

Deste modo, é possível encontrar nas praias sedimentos de rochas e minerais com proveniências muito diversas. Na praia deste MNL, podem ser encontrados sedimentos provenientes de rochas que nem sequer existem na zona: rochas graníticas diversas, quartzitos, xistos, quartzo, etc. (Fig. 1.8). Praias mais abrigadas têm maior tendência para acumular areia fina. Ao longo do tempo, com a variação natural das condições meteorológicas, uma mesma praia pode alternar entre areia e seixos.

Figura 1.8. Variedade de sedimentos (seixos) na praia da Gatanha.

Os sedimentos de maior dimensão permanecem mais perto da costa, onde a agitação do mar é mais intensa. Os sedimentos menores são transportados e depositados a maiores profundidades, onde as condições são mais calmas (Fig. 1.9).

Figura 1.9. Transporte e deposição de sedimentos junto à costa.

Plataformas costeiras e variação do nível do mar


Designam-se plataformas costeiras as superfícies aplanadas por ação da erosão das ondas na interface oceano-continente. Estas plataformas podem estar cobertas por sedimentos de praia, mas por vezes, as condições locais não são propícias à acumulação sedimentar, pelo que se observa a superfície nua desenvolvida no substrato rochoso.


Em alguns sectores costeiros evidencia-se o processo de erosão de uma plataforma atual, nas proximidades do nível médio do mar, ou, se observadas de forma mais precisa, plataformas que se desenvolvem a altitudes muito próximas dos níveis de baixa e praia-mar (Fig. 1.10).

Figura 1.10. Plataforma costeira erodida em granitos na praia da Gatanha.

Contudo, no litoral existem também plataformas situadas acima e abaixo da plataforma atual. Estas plataformas são testemunhos de momentos em que o nível do mar se encontrava ou acima ou abaixo do nível atual. São particularmente relevantes as plataformas de erosão costeira desenvolvidas durante o Quaternário, período marcado por amplas variações do nível do mar. Estas plataformas são designadas por terraços costeiros ou marinhos, sendo, em geral o suporte para um depósito de praia (terraço sedimentar), mas podem ser também terraços desprovidos de cobertura sedimentar (terraços rochosos). No litoral português, os terraços quaternários desenvolvem-se, em geral, entre o nível atual (zero metros) e 75 metros de altitude e correspondem a fases em que o nível do mar esteve mais elevado relativamente à atualidade. Contudo, deve atender-se ao facto de existirem diversos factores que influenciam a posição destas plataformas, para além do nível do mar, como por exemplo, a tectónica, parcialmente responsável pelo levantamento parcial das plataformas costeiras do litoral português.